UMA NOVA LIDERANÇA PARA UMA SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO

10/02/2017



Antonio Batista da Silva Junior

UMA NOVA LIDERANÇA PARA UMA SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO

 

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Arquivo FDC

Uma das principais discussões do último Fórum Econômico Mundial – realizado no mês passado, em Davos, na Suíça – foi a emergência e a proliferação de lideranças populistas pelo mundo, que anseiam por resultados imediatos, independentemente dos desdobramentos que possam acarretar no futuro.

Antes associada a nações subdesenvolvidas, a corrente de pensamento populista ganha musculatura em um cenário de incertezas e mudanças globais em velocidade sem precedentes. O líder populista é aquele que acredita que está acima das instituições sociais. A recente ascensão de Donald Trump ao comando da maior economia do planeta e a possibilidade de eleição de diversos líderes em países da Europa são exemplos recentes e importantes dessa tendência.

A ansiedade é uma resposta natural às incertezas provocadas pelo impacto da rápida evolução econômica nas condições de emprego, estabilidade social, oferta de serviços básicos e, principalmente, pelo avanço da tecnologia. Isso tem gerado crises nas instituições, formatando um terreno fértil para o surgimento de discursos e comportamentos populistas e pródigos em trabalhar com promessas cuidadosamente formatadas para atender aos desejos e expectativas imediatas da sociedade, independentemente dos desdobramentos negativos que se possa ter no futuro.

Do ponto de vista das organizações, as lideranças atuais enfrentam um dilema diário bastante semelhante. A crise de confiança atinge em cheio o ambiente empresarial brasileiro. A cobrança por resultados e o desempenho financeiro são armadilhas tentadoras para o líder preocupado com entregas rápidas aos investidores ávidos por retorno.

A escolha do líder por resultados de curto prazo é uma necessidade do negócio. Mas a capacidade de conciliar essas entregas imediatas com aspirações de longo prazo é o que definirá o seu legado e a perenidade da organização.

O conceito de resultado também vem passando por transformações no mundo empresarial. A performance econômico-financeira de curto prazo vem sendo substituída por resultados sustentáveis de longo prazo. Nesse sentido, a reputação é um capital que precisa ser cuidado pelos executivos. A revolução da informação vem provocando mudanças no conceito de poder e justiça e no processo de formação da opinião. Se o poder, antes, estava nas mãos de quem detinha os meios de produção, hoje ele encontra-se difuso, em uma entidade difícil de definir, mas tremendamente poderosa: a opinião pública.

Saindo por um momento do universo das organizações, o caso do nadador norte-americano Ryan Lochte nas Olimpíadas do Rio em 2016 é emblemático. O episódio polêmico – que não guarda qualquer relação com seu desempenho excepcional nas piscinas – atingiu em cheio a sua reputação com consequências drásticas em seus contratos de patrocínio. Àquele atleta, não bastam os recordes e a sua performance nas raias da piscina. É preciso entregar, também, a imagem e o comportamento que a opinião pública espera.

Companhias brasileiras que até alguns anos atrás eram sinônimo de solidez no mercado hoje encontram-se em dificuldade para tocar suas operações. E não por questões de capacidade operacional, mas por crises reputacionais provocadas por desvios de condutas éticas.

O olhar atento da sociedade que antes se fixava apenas na performance econômico-financeira agora se torna cada vez mais criterioso na hora de avaliar a relevância de uma organização. Além de bons resultados, o cidadão quer saber também o quanto a empresa está colaborando com a comunidade, agindo de forma sustentável e impactando positivamente o ambiente ao seu redor. A cultura do “jeitinho brasileiro” está ficando no passado. As gerações de hoje querem saber de que forma as empresas estão conduzindo seus negócios e a que custo.

A agenda corporativa está cada vez mais ampla. As empresas precisam ganhar dinheiro, mas não é só isso. O mundo está mudando e as exigências para o novo líder também. Ele precisa fazer escolhas éticas considerando o imperativo da longevidade empresarial, as rápidas transformações no ambiente de negócios e a necessidade do desenvolvimento social. Só assim ele poderá deixar uma contribuição significativa para as próximas gerações.

Para a nova liderança não há outra opção a seguir. É preciso conciliar a entrega imediata, com decisões e ações consistentes que preservem a saúde do seu negócio, gerando valor também para a sociedade em que atua. Essa escolha é que definirá a trajetória do líder contemporâneo e o legado que ele deixará.

Antonio Batista da Silva Junior é presidente executivo da Fundação Dom Cabral

Fonte: Institucional FDC


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