MUITO ALÉM DO LUCRO

09/01/2008



Sérgio Cavalieri

Um evento sobre gestão de empresas realizado em Belo Horizonte, um renomado professor brasileiro afirmou que o principal objetivo das empresas é maximizar o ganho para o seu acionista. Há poucas semanas, Robert Reich, secretário do Trabalho do Estados Unidos no governo Bill Clinton, lançou um livro frisando que as empresas existem só para dar lucro, colocação semelhante à do economista norte-americano, Milton Friedman, da escola liberal de Chicago, há mais de 20 anos. Após tanta evolução na forma de gerir as organizações, dos programas de qualidade total aos sistemas de participação nos lucros, passando pelas ações de responsabilidade social, por que ainda persistem pensamentos como esses? Será que as empresas são vistas assim e que as pessoas realmente entendem que seu papel se resume ao lucro? Ou estaria faltando uma visão mais ampla da real missão empresarial no mundo contemporâneo?

 

Ao exercerem suas atividades, as empresas fornecem produtos e serviços para o bem-estar da sociedade, geram oportunidades de trabalho para o sustento e a realização dos seres humanos, recolhem impostos que vão beneficiar as comunidades. Ao cumprirem sua missão de maneira moderna, são voltadas para os clientes internos e externos, oferecem produtos com qualidade cada vez maior, a custos mais baixos, observada a sustentabilidade sócioambiental. Atendidos esses pré-requisitos, geram lucros para seus acionistas, que serão grande parte reinvestidos para girar o círculo virtuoso. Não seria então míope e utilitarista a visão do professor brasileiro, do sr. Reich e do economista Friedman? Para a Associação de Dirigentes Cristão de Empresas (ADCE), entidade que existe há 65 anos, presente em mais de 50 países dos cinco continentes, o papel das empresas vai muito além do lucro. Elas têm o compromisso de atender a sociedade, respeitar o meio ambiente e também de interagis de forma ética com seus diversos públicos, os chamados stakeholders. Ao cumprirem na plenitude esta missão, passam a ser instrumentos de transformação e aperfeiçoamento.

 

O empreendorismo cristão, proposto pela ADCE, baseia-se nos princípios da doutrina social da Igreja Católica e fornece as pistas, dá as orientações para a adoção de uma gestão que privilegie um ambiente de trabalho humanizado, em que prvaleça a relação de confiança, que cativa clientes, conquista a admiração dos segmentos sociais, o respeito das autoridades do setor público e até mesmo dos concorrentes. Aplicadas essas diretrizes, pode-se assegurar que se está criando uma administração sustentável para a empresa e para o mundo. A postura empresarial aplicada com uma visão cristã se fortalece a cada dia. Não é utilitarista, minimizando o papel das empresas a meras geradoras de dinheiro.

 

Nos dias atuais, começa a exigir que o lucro seja qualificado. É como se surgisse uma certificação do lucro. Ele só é legítimo e aceito se for obtido com uma gestão cristã, que traga benefícios a todas as partes que se relacionam com a empresa, inclusive as gerações futuras. A gestão humanizada é fruto do amadurecimento da sociedade e da conscientização de acionistas e executivos da necessidade de um capitalismo mais equilibrado, que coloque o homem no centro das decisões estratégicas das organizações e tenha as pessoas com meio e fim de toda a atividade. A empresa não perdeu seu objetivo de ser administrada com eficiência, competitividade e resultados. Mas, em vez do egoísmo destruidor, pratica o bom compartilhamento construtor.

 

O vocabulário do acionista e gestor moderno inclui novas palavras, que trazem outra postura: amor, fraternidade, solidariedade, harmonia, afeto, humildade, serviço, respeito, fé, espiritualidade. A união desse posicionamento com as ferramentas de gestão fortemente incutidas nas mentes dos executivos nas últimas décadas, eleva as pessoas nas empresas a um novo patamar de desempenho, em que poderão contribuir para ampliar a felicidade e o bem-estar de todos, papel mais nobre e muito além do lucro.

 

Sergio Cavalieri é Nascido em São Paulo, é formado em Engenharia Civil, Pós-Graduado em Finanças pela FGV e Vice-Presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da FIEMG. É, também, Presidente da ADCE.


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