PODER DO CIDADÃO

26/10/2010



Sérgio Cavalieri

Sérgio Cavalieri é presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Minas Gerais – ADCE/MG

 

Fonte: Jornal Estado de Minas, 26/10/10.

 

Da era industrial à sociedade do conhecimento, o mundo percorreu um longo caminho e continuará mudando aceleradamente, impondo a todos, em todos os segmentos da sociedade, uma postura contemporânea do século 21. No mundo empresarial e dos negócios não é diferente: empresários, executivos, dirigentes de empresas e empregados devem acostumar-se aos novos padrões, bem diferentes daqueles vigentes até bem pouco tempo. Nas asas e nas ondas da tecnologia da informação que viabiliza a comunicação em tempo real, os fatos e a sua divulgação acontecem simultaneamente. Turbinados pelas redes sociais, que asseguram conexões e interconexões, todos tomam conhecimento de tudo, ao mesmo tempo. Todos têm noção clara de seus direitos e deveres e estão cada vez mais dispostos a fiscalizar seu cumprimento. Felizmente, já não dá mais para esconder nada, nem há espaço para varrer mal feitos para debaixo do tapete.

 

É deste cenário que está emergindo a sociedade do século 21, com um novo perfil, com ideais, valores e princípios, consciente de seus direitos. Se a China prende e isola o Prêmio Nobel da Paz, expõe-se à execração pública mundial e paga com a moeda de sua imagem perante o mundo. Se o Chile se mobiliza em vigília para salvar os 33 mineiros soterrados a 700 metros de profundidade no deserto de Atacama, o mundo aplaude e comemora junto. Na Hungria, o presidente da empresa responsável pelo vazamento de lama tóxica de uma indústria de alumínio está preso e a empresa foi desapropriada até que todas as falhas sejam corrigidas.

 

A verdade é que a era do conhecimento democratiza a informação e, via de conseqüência, confere maior poder aos cidadãos, tornando-os sujeitos do seu próprio destino. A forma como as pessoas e grupos passaram a enxergar o mundo e a expressar livremente suas convicções, suas posições, suas expectativas, suas aspirações e suas demandas mudou drasticamente, com reflexos inexoráveis na política, na economia e nas empresas. Em tempo de plena informação, as exigências sobre as empresas e seus líderes se ampliaram significativamente. A vigilância da sociedade, clientes, funcionários, fornecedores, concorrentes, governo e das comunidades é permanente e severo.

 

Não há mais espaço para atitudes que ignorem padrões éticos e morais, que contrariem o bem comum, atentem contra a vida presente ou futura e agridam o meio ambiente. Um exemplo: hoje, a concessão de licenças para

funcionamento de empreendimentos deixou de ser exclusividade de instâncias de governo, como prefeituras, órgãos ambientais, corpo de bombeiros e tantos outros; são fortemente e cada vez mais, influenciadas pela vontade dos grupos de interesses que interagem com o negócio – os chamados stakeholders. Pelo elevado nível de conhecimento de que dispõem, pela consciência que têm de seus direitos e por sua enorme capacidade de mobilização, podem, em poucos minutos, insurgir-se contra a empresa, influenciar seus clientes e consumidores, levando-os a refletir sobre sua importância econômica e social. Não são raros os episódios em que empresas foram levadas a fechar as portas por não corresponder às expectativas das comunidades nas quais estão inseridas. Enfim, neste começo de século, as licenças administrativas oficiais para instalação e operação de empreendimentos se curvam sob a força prevalente da licença social – aquela que vem da própria sociedade, do conjunto dos cidadãos, e não mais apenas dos órgãos públicos normatizadores e fiscalizadores.

 

Neste novo contexto que referencia as relações entre pessoas, entre pessoas e empresas, entre empresas e governo – enfim, entre todos, o tempo todo -, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE) e a Uniapac, entidade que congrega ADCEs do mundo inteiro, propõem que, sem abrir mão das ferramentas mais modernas de gestão, o empresário contemporâneo incorpore os conceitos que sustentam a gestão baseada em valores e com foco nas pessoas. Afinal, quando as mudanças são intensas, constantes e rápidas, a resposta que a empresa precisa dar ao mercado também deve ser ágil, como um organismo vivo que reage ao menor sinal de ameaça. Para que isto seja possível é preciso delegar, assegurar que o poder esteja nas pontas, com as equipes de frente. Não há mais tempo nem espaço para estruturas verticalizadas, hierarquizadas, paquidérmicas.

 

Na verdade, em um mundo no qual tudo acontece ao vivo, também as respostas devem ser ágeis e em tempo real. Para que o gestor tenha a garantia de que sua equipe saberá responder e corresponder autonomamente às demandas da comunidade com a qual interage, dentro de padrões de comportamento que não coloquem em risco a imagem e a reputação da sua empresa, é indispensável que prevaleçam, como paradigmas permanentes, os valores e os princípios fundamentais que dizem respeito ao caráter, moral, ética, verdade, honestidade, o discernimento entre o certo e o errado.  Afinal, na Era do Conhecimento, a nova fronteira da administração de empresas é a gestão lastreada em valores. O resto é commodity.


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